Vivemos em uma crise. Uma crise econômica, política. Uma crise energética, uma crise ecológica - vazamento de petróleo no oceano [1], uma futura escassez de água potável, aquecimento global, etc. Pode-se dizer que a viagem pelo questionamento filosófico científico do mundo passa pelo total pessimismo...
Segundo a Física já há muito estabelecida,
temos limitações quanto ao uso da energia, de acordo com as leis da termodinâmica,
particularmente a segunda lei. Sendo a limitação de fato inevitável, é
preocupante que não seja uma das bases da economia. Podemos dizer que há uma
quantidade finita de energia acessível, que uma vez utilizada (dissipada),
torna-se inacessível para todo o sempre, pois o processo é irreversível (a
entropia do sistema sempre aumenta). Levada ao pessimismo mais extremo (e à
longo prazo) o que a lei da entropia diz é que estamos todos fadados a uma
morte entrópica do sol, um esgotamento total de nossa fonte de energia.
Deixando, porém, as hipérboles de lado, ainda assim, podemos considerar que as
atividades humanas são excessivamente entrópicas, levando a um aumento
acelerado da entropia planetária, algo realmente escandaloso de não ser levado
em conta nas teorias econômicas. Na universidade um bom professor me apresentou
o trabalho de um economista que levou isso em consideração, Nicholas Georgescu-Roegen.
Considerado o Thomas Malthus moderno,
alertou como perigoso era ignorarmos uma lei básica da natureza ao fabricarmos
uma teoria econômica.
.
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Afinal o que é economia?? A raiz da palavra
economia pode ser traçada de volta à palavra grega οικονομία,
"aquele que administra um lar", derivada de οικος,
"casa", e νέμω, "distribuir (especialmente
administrar)". Não é de se estranhar que ecologia tenha a mesma raiz de
economia. A economia deveria ser a ciência que nos ajudaria a usar sabiamente os
recursos de que dispomos, no entanto é uma corrida desenfreada pelo lucro e
obcecada pelo crescimento. Não é necessário ser economista nem nenhum gênio
para se dar conta de que, num ambiente finito, o crescimento exponencial e
eterno só pode levar ao esgotamento natural e à destruição.
Continuando no viés pessimista temos o Clube de Roma, desde
1972 alertando para a crise e os limites do crescimento, o fim do petróleo,
etc. Mais de uma geração se passou e em 1992 tivemos no Rio de Janeiro a ECO-92 e
novamente o tempo passou e nem mesmo conseguimos cumprir as metas do Protocolo de Quioto [2]. Certamente
temos mais petróleo para no mínimo 100 anos, considerando a produção atual, mas
será que insistir numa tecnologia que usa um recurso finito, não renovável, mal
distribuído, muitas vezes de difícil acesso (como no pré-sal), de extração custosa,
poluente e venenoso à vida, ainda é nossa melhor opção? Ou será que um dia
sequer foi? Já não morreram muitos, já não se complicou suficientemente o cenário
geo-político, já não se fomentou ódio suficiente entre as nações? Embora
extremamente lucrativo segundo os modelos da nossa ciência econômica – que como
falamos, perdeu sua conexão com a realidade, com a natureza física [3] – o uso
do petróleo como fonte de energia é uma atividade extremamente entrópica e, com
ou sem aquecimento global, só nos leva mais aceleradamente ao estado de morte
entrópica e destruição da vida no planeta, principalmente a vida humana.
Enfim, chamemos o paradigma pessimista de o Paradigma
da Escassez
[4], reconhecido séculos atrás por Malthus, e bem claro nos dias de
hoje com a crise, como ao longo da história, onde prevaleceu a idéia de que não
havia o suficiente para todos e que os povos deveriam ser inimigos e lutar entre
si para garantir os recursos.
Nem tudo são espinhos, pois se olharmos para
alguns homens do passado poderemos encontrar neles a inspiração para um novo
paradigma, que pode ser, aliás, algo bem mais próximo do modo como a natureza
realmente funciona...
Notas:
[1] este artigo começou a ser escrito pouco depois dos vazamentos no Golfo de México causado pela British Petroleum.
[2] novamente, este artigo está atrasado. Foi escrito antes da Rio+20. No entanto, continua atual, pois, com exceção da cúpula dos povos, que foi uma demonstração do maior envolvimento da população e dos movimentos sociais e ambientalistas, no campo político governamental o impasse permanece.
[3] falaremos mais sobre os erros da economia e como seria uma economia ligada à natureza em artigo oportuno.
[4] o conceito de Paradigma da Escassez será ampliado também em artigos posteriores.
Notas:
[1] este artigo começou a ser escrito pouco depois dos vazamentos no Golfo de México causado pela British Petroleum.
[2] novamente, este artigo está atrasado. Foi escrito antes da Rio+20. No entanto, continua atual, pois, com exceção da cúpula dos povos, que foi uma demonstração do maior envolvimento da população e dos movimentos sociais e ambientalistas, no campo político governamental o impasse permanece.
[3] falaremos mais sobre os erros da economia e como seria uma economia ligada à natureza em artigo oportuno.
[4] o conceito de Paradigma da Escassez será ampliado também em artigos posteriores.
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